O QUE É FICHAMENTO - SEGUNDO WEG

FICHAMENTO - SEGUNDO WEG

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Weg, Rosana Morais

Fichamento Rosana Morais Weg. São Paulo: Paulistana Editora, 2006. (Coleção aprenda a fazer)

ISBN 85-99829-07-6

  1. Fichamento 2. Pesquisa 3. Redação de trabalhos de pesquisa I. Título.

O QUE É FICHAMENTO

O processo - definição do objetivo do fichamento (da leitura)
- seleção do texto a ser fichado;
- leitura e seleção de informações essenciais do texto;
- registro organizado das informações destacadas.
Pressupostos - capacidade de decodificação (leitura e compreensão) de um texto-fonte: texto 1;
- codificação (redação de um texto próprio a partir do primeiro: ficha): texto 2;
- perspectiva de elaboração de um novo texto, produzido durante uma ficha, previsto no projeto de leitura: texto 3.
Material - texto-fonte
- material auxiliar de consulta
Características - não é resultado final de uma pesquisa: é resultado parcial;
- é texto didático, de consulta;
não é texto criativo, ficcional, original: constitui-se a partir de outro texto; pode conter comentários do leitor;
- é transutivo, pois deve fazer o leitor transitar entre o contexto lido e o contexto da escola ou entre o contexto lido e o contexto final do projeto, a ser produzido;
- deve provocar reflexão crítica sobre o tema em estudo;
- deve provocar atitudes relacionamento entre ideias internas ao textofonte e as ideias externas ao textofonte (arcabouço cultural do leitor).

FINALIDADE DO FICHAMENTO

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ESTRATEGIAS

3.1 ETAPA: PRÉ-FICHAMENTO

(CONTATO INICIAL COM O TEXTO-FONTE)

Ao primeiro contato com um texto qualquer, por mais sim- ples que ele pareça, normalmente o leitor se defronta com a dificuldade de encontrar unidade por trás de tantos significados que ocorrem na sua superficie. (FIORIN e SAVIOLI, 1990:35)

  1. Leitura corrida geral, sem anotações.

A importância dessa leitura inicial está expressa na citação acima. Além de proporcionar uma idéia global do texto, ela per- mite o primeiro contato com alguns aspectos da obra como tema tratado, seus aspectos estruturais e estilo do autor. Nesse momen- to, pode ser possível também verificar, ainda que precariamente, se o texto-fonte faz parte do universo da pesquisa do leitor.

  1. Pesquisa do vocabulário desconhecido.

Este é o momento de resolver as dúvidas ou incertezas relativas ao vocabulário empregado e aos conceitos introduzidos no texto lido. Em textos mais técnicos ou especializados, muitas vezes um termo ganha uma conotação que escapa ao senso comum. O não entendimento do emprego de expressões vocabulares pode provocar distorções na compreensão do texto.

  1. Leitura com pausas, com trechos sublinhados e ano- tações à margem do texto.

Esta leitura é mais cuidadosa porque prevê já uma primei- ra seleção de idéias a serem provavelmente destacadas no fichamento. Freqüentemente, provoca no leitor algumas asso- ciações mentais que poderão ficar esquecidas se não forem apon- tadas na hora.8

Sublinbar é isolar no texto um número reduzido de frases ou expressões que melhor sintetizam as informações lidas.

Fazer anotações à margem do texto também pode ser de grande valia, não só como instrumento para relembrar o leitor de determinadas idéias veiculadas, mas também como material na confecção de seu fichamento.

Estes dois procedimentos (sublinhar e fazer anotações à margem do texto) só são possíveis se o texto-fonte consultado for de propriedade do leitor ou se houver autorização do pro- prietário para isso.

O problema que se apresenta nesse estágio da leitura é o que colocar em destaque-o que sublinhar e o que anotar no próprio texto.

Nessa leitura, o leitor deve atender às provocações do texto, pois o intuito ainda não é organizar idéias destacadas ou registrá-las em fichas. No entanto, nesta primeira fase de sele- ção de idéias, alguns passos devem ser evitados e outros perse- guidos, como:

Eventualmente, sublinhar a idéia principal de um pará- grafo pode não produzir um resultado muito claro. Nesse caso, o leitor anota sinteticamente, ao lado do trecho lido, o que entendeu ou o que pretende lembrar quando reler o texto.

É preciso, no entanto, saber que não se trata de resumir o texto ou partes dele, mas sim isolar nele o que lhe parece signi- ficativo para uma leitura posterior.

3.2 2 ETAPA: FICHAMENTO

(ORGANIZAÇÃO E REGISTRO DAS INFORMAÇÕES)

  1. Releitura do texto com o objetivo de elaborar a ficha de leitura.

Esta leitura é mais orientada. Já foram resolvidos os pro blemas de vocabulário, o leitor já tem uma idéia geral do texto, destacou algumas informações no próprio texto e está convencido de que o fichamento será útil para o desenvolvimento de seu pro- jeto. Esta leitura é acompanhada do registro de dados nas fichas.

2 Registro das informações nas fichas.

É preciso saber o que registrar nas fichas, de que forma esse registro pode ser feito e quais os passos a serem seguidos no processo do fichamento.

O que registrar:

As propostas de composição da ficha leitura variam pou- co de autor para autor. A disposição das informações nas referi- das fichas também apresenta pequenas variações de acordo com cada autor.

Seguem alguns exemplos:

Eco (2005:96-97): indicações bibliográficas precisas, informações sobre o autor, resumo do livro ou do artigo, citações, comentários pessoais e sigla ou cor como elo com o plano de trabalho.

Hühne (2002:47): indicação bibliográfica, síntese das idéias principais e comentário ou crítica.

Medeiros (1999:100): cabeçalho, referência bibliográfica, corpo da ficha e local onde se encontra a obra.

O pesquisador perceberá quais são as informações mais convenientes para sua pesquisa.

Apesar das pequenas diferenças detectadas na bibliogra- fia consultada, é possível apontar alguns elementos essenciais da ficha de leitura para que ela se constitua em material de documentação:

• referência bibliográfica (dados de referência da obra, no campo próprio da ficha, segundo as normas da ABNT. Os dados normalmente estão na capa ou na contracapa e constam da ficha catalográfica do volume).

tema (mensagem essencial) do autor

• informações essenciais (conteúdo)

• comentários

observações e/ou anotações complementares numeração das fichas (opcional)

Cabe destacar o tópico informações essenciais (ou con- teúdo), conhecido como o corpo da ficha de leitura.

A identificação das idéias essenciais a constarem da ficha pode ter como primeiro passo a consulta ao que foi anterior- mente sublinhado ou destacado por anotações no texto-fonte.

Encontramos essas idéias essenciais identificadas sob diferentes nomes na bibliografia sobre estudo de textos como tópicos frasais10 e frases-resumo11. São também conhecidas como idéias-síntese, idéias-núcleo, frases-chave, frases-sínte- se. Como vemos, podem ser um termo, uma expressão ou mesmo uma frase.

A idéia essencial de um parágrafo revela a mensagem prin- cipal em torno da qual se agregam outras idéias complemen- tares, as acessórias.

Esse processo de seleção de partes do texto-base é feito pela supressão das informações acessórias - como exemplos, ilustrações, repetições e da construção da ficha de leitura a partir das idéias essenciais identificadas.

O fato de em determinados momentos ser necessário fa- zer a transcrição de excertos do texto lido (um parágrafo, por exemplo) não exclui a fase da supressão. Isso porque destacar um dentre muitos parágrafos significa que ele é relevante para a pesquisa em curso.

No entanto, é mais comum a identificação de expressões ou frases-síntese para fins de registro ein forma de resumo12 ou na elaboração de fichas por itens.

Esse mecanismo de isolar idéias principais de um parágrafo já foi utilizado ao sublinharmos um texto no início deste capítulo.13

Formas de registrar:

O registro de informações e comentários pode ser feito sob diversas formas. Deve-se levar em consideração a estrutura do texto, a organização do leitor e o resultado que aponte para a maior clareza do texto lido. As formas mais comuns de regis- tro são:

a) Por enunciados verbais, organizados em forma de parágrafos, de acordo com o modelo sujeito-predicado. Os apon- tamentos são feitos por meio de frases verbais, em transcrições, resumos ou comentários nas fichas de leitura.

b) Por itens, esquematizados: registro organizado em for- ma de tópicos, de acordo com um sistema de numeração de modelos clássicos de itemização.

O fichamento itemizado é semelhante ao esquema ou plano de trabalho. O que os diferencia é que o fichamento por itens é feito a partir de um texto-fonte e o esquema normalmente é um plano que antecede a elaboração de um trabalho. O que os aproxima é a forma de registro por tópi- cos, mais visual e de mais rápida apreensão das principais idéias registradas.

Algumas características do fichamento por itens são:

⚫ seus componentes são alinhados verticalmente e intro- duzidos por marcadores diversos;

apresenta visualmente a estrutura do texto lido;

as idéias principais destacadas estão na forma de pala- vras-chave, frases-síntese ou locuções nominais;

⚫ as idéias selecionadas são organizadas hierarquicamen- te; títulos e subtítulos, divisões e subdivisões são dis- postos de forma a que o leitor perceba as relações in- ternas do texto.

3.3 3a ETAPA: PÓS-FICHAMENTO

(VERIFICAÇÃO DOS DADOS REGISTRADOS)

Essa fase pode se repetir quantas vezes forem necessárias. Finaliza-se o fichamento com os seguintes procedimentos: ⚫ leitura das fichas e reformulações necessárias;

⚫ arquivamento das fichas;

⚫ consulta e/ou utilização das fichas: verificação da efi- cácia da consulta.

RESUMO: etapas e estratégias do fichamento

Etapa Ação Descrição
1ª etapa: Pré-fichamento Contato inicial com o texto-fonte Leitura corrida geral. Pesquisa do vocabulário. Leitura com pausas (com trechos sublinhados e/ou anotações no texto).
2ª etapa: Fichamento Registro em fichas: documentação Releitura do texto-fonte com registro de informações:
- O que registrar: referência bibliográfica, tema, conteúdo, comentários, observações e anotações complementares.
- Formas de registrar:
• enunciados verbais
• itens (esquema)
• combinação das duas estratégias acima
- Como registrar; modalidades de fichas:
• de transcrição
• de resumo
• de comentários
• mista
3ª etapa: Pós-fichamento Verificação das fichas Revisão, arquivo, consulta e/ou utilização das fichas.