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Chile: da ditadura Pinochet à nova constituinte

O Golpe de Estado no Chile e as Consequências

O Chile é um dos países mais desenvolvidos da América Latina, com uma economia baseada na exploração de recursos naturais como minérios e produtos agrícolas e florestais. Durante as primeiras décadas do século 20, o Chile conseguiu atingir taxas invejáveis de crescimento, redução da pobreza e de alfabetização quando comparadas com as taxas dos países vizinhos.

No entanto, em 11 de setembro de 1973, as forças armadas do Chile deram um golpe de estado sob a liderança do então comandante do exército General Augusto Pinochet. Os militares cercaram o Palácio de governo e deram um ultimato ao presidente Salvador Allende. O cerco foi brutal e o exército ordenou abrir fogo contra a sede do governo, além de disparar uma série de foguetes contra o histórico edifício do Palácio da Moeda no centro da capital Santiago. Esse golpe de estado mergulhou o Chile em um longo período de retrocessos, mortes e perseguições no qual o país ainda hoje tenta se recuperar.

Contexto Político e Econômico Anterior ao Golpe

Salvador Allende já havia se tornado o primeiro socialista eleito democraticamente presidente de um país da América Latina. Durante seu governo, Allende nacionalizou mineradoras e bancos, aumentou os programas sociais e realizou um ambicioso programa de reforma agrária. Porém, essa agenda de esquerda provocou tensões dentro e fora do bloco governista. Os democratas-cristãos consideraram as reformas muito radicais, retiraram o apoio e passaram a brigar com congresso e também com o judiciário.

Em 1972, empresários chilenos promoveram um boicote ao governo Allende, realizando os seguintes locais que tiraram alimentos das prateleiras dos supermercados. Diante da crise, Allende planejava anunciar um plebiscito nacional no dia 11 de setembro de 1973. Esse plebiscito decidiria pela continuidade ou pelo fim do mandato de Allende. No entanto, em vez de anunciar o plebiscito, Allende foi atacado e se suicidou com um tiro na cabeça disparado por um fuzil que ele havia ganhado de seu amigo cubano Fidel Castro.

O Governo Militar de Pinochet

Após o golpe, Pinochet assumiu o governo e apoiado por uma Junta Militar mandou prender, torturar e matar apoiadores de Allende. O Estádio Nacional, um símbolo local equivalente ao Maracanã para o Brasil, foi convertido em prisão política e centro de tortura. Dentro do país ficou famosa a chamada Caravana da morte, em que militares cruzaram o território chileno em busca de dissidentes. Fora do país, o Chile integrou a operação Condor, um consórcio de ditaduras criado para caçar opositores nos países do Cone Sul, incluindo o Brasil.

Os primeiros anos do governo de Pinochet, além das relações massivas de direitos humanos, a ditadura chilena também promoveu uma ampla reforma liberalizante na economia, desmontando legado socialista de Allende. Um grupo de tecnocratas formados na Universidade de Chicago nos anos 1970, os chamados Chicago Boys, promoveu em 1980 uma reforma total do sistema público de aposentadoria, transformando a previdência no modelo de capitalização individual.

Essa estabilidade na base da força se reverteu em bons números na economia no início, mas os números começaram a oscilar bruscamente nos anos 1980, principalmente por causa das políticas econômicas adotadas, que geraram desigualdades e problemas sociais.

Redemocratização e Restituição de Justiça

No período após a ditadura, o Chile tentou acertar suas contas com o passado. Em 1990, o democrata-cristão Patrícia Alvim assumiu a presidência, encerrando o ciclo de 17 anos de ditadura militar. Ao fim decidiu investigar os crimes da ditadura assim que assumiu e anunciou a criação da Comissão da Verdade e reconciliação em 1991.

Em 2004, um novo relatório, o Informe Valech, revisou para cima os números de mortos, desaparecidos e torturados. A edição mais recente desse trabalho foi publicada em 2011 e identificou mais de 40 mil vítimas de violações de direitos humanos neste período, sendo mais de três mil mortos e desaparecidos. A identificação das vítimas foi acompanhada por um avanço paulatino na condenação de culpados ao contrário do Brasil que adotou uma Lei de anistia, o Chile identificou e julgou muitos dos militares envolvidos nos crimes da ditadura.

Essa história mostra como um momento turbulento na história política de um país pode resultar em graves consequências sociais e econômicas. A redemocratização e a restituição de justiça são importantes passos para a reconciliação nacional, mas as feridas e cicatrizes deixadas pelo passado costumam levar muito tempo para serem curadas.

A Redemocratização e a Democracia no Chile

Introdução

O Chile foi governado por uma das mais longas ditaduras militares do mundo, liderada pelo general Augusto Pinochet, de 1973 a 1990. Durante esses anos, o país sofreu com a perseguição política, violação dos direitos humanos e censura da imprensa. No entanto, após a morte de Pinochet, o Chile iniciou um processo de redemocratização que culminou na alternância pacífica no poder e na construção progressiva de uma democracia.

O processo de redemocratização

Após a morte de Pinochet em 2006, os chilenos puderam experimentar melhorias de vida em diversos setores, como economia e saúde pública. O processo de redemocratização trouxe, além dos benefícios econômicos, inúmeros outros ganhos, como o direito ao voto, à livre manifestação e a uma educação mais acessível.

A Revolução dos Pinguins

Uma nova geração de jovens estudantes chilenos passaram a reivindicar por mudanças no sistema de educação. O movimento iniciado em 2006 foi chamado de Revolução dos Pinguins, e os estudantes clamavam pela gratuidade no transporte público e por reformas no sistema educacional.

A construção de uma democracia

Após um período de alternância no poder entre esquerda e direita, os chilenos decidiram em 2020 pelo início de uma reforma total da Constituição, que deverá ser realizada em 2022. Além disso, a nova convenção constitucional terá em sua composição uma paridade de representação entre homens e mulheres, além da participação de membros independentes e representantes de povos originários.

Conclusão

O processo de redemocratização do Chile ainda apresenta desafios, como a redistribuição de renda e a igualdade social. No entanto, o país serve como exemplo de uma democracia em construção, que permite a livre expressão e disputa de poder entre as diferentes correntes políticas.


Nota 1: Golpe de Estado no Chile em 1973

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Nota 2: Governo Militar de Pinochet

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Nota 3: Redemocratização no Chile

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Nota 4: Reforma constitucional no Chile