chatgpta adaptou entrada do diário para o ileísmo

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Bem, ele escreveu hoje, e somente hoje, após todo esse rodeio. Mas sobre o que mesmo?

Ele escreveu sobre si mesmo e sobre o processo. Esse processo pode muito bem ser acompanhado de perto e de longe, o gosto do freguês, mas não pode ser ignorado.

Esse processo o acompanha há cerca de dois anos e meio e lhe lembra muito um pesadelo agridoce; ele não faz coisas que gosta porque quer acabar seu trabalho; ele não faz seu trabalho porque faz coisas que gosta e se sente culpado.

A Fátima está lendo os trabalhos dele desde ontem. Isso é incrível e não pode ser ignorado. Isso porque a partir do momento em que alguém começa a ler seu trabalho, ele deixa de ser dele e deixa de ser uma ideia — ele passa a ser algo muito próximo do real — o mais próximo do real que uma palavra pode ser.

Ontem ele caiu em muitas armadilhas — a maioria consistindo de pura procrastinação — ainda assim fez algumas coisas que se orgulha, não imediatamente, mas a médio prazo mesmo: comprou dois livros que não pode ter em Kindle e que não quer imprimir — "Os Imigrantes" de Sebald e o livro "Escute as Feras" — livro que baixou em PDF no ZLibrary.

Uma coisa ou outra ainda está sendo aprendida, mas como era de se esperar, nem mesmo ter a internet e os pontos de acesso (saber como baixar pirataria e evitar tráfego não privado, por exemplo) não é suficiente — ele não quer imprimir um livro em papel sulfite branco quando pode (pode?) tê-lo encadernado como deveria ser; é uma questão de ordem moral com aparência de praticidade. E quão prático é aceitar que mesmo tendo acesso à informação do mundo todo ele não vai conseguir ler e muito menos imprimir tudo aquilo que deseja — é uma questão de enquadramento e, no fim das contas, aquilo que usamos para definir e enquadrar é bem pessoal, no campo da idiossincrasia mesmo.

Por exemplo, os diários de Sylvia Plath. Ele não sabe porquê, e talvez por isso mesmo, ele admira e quer saber mais do que ela fez — não só a poesia, mas a vida dela. Ele colocou o diário dela na lista de desejos da Amazon — mas são oitocentas páginas e custam oitenta reais — não acha que esteja caro, ele apenas não deseja tanto e não tem o dinheiro. Mas agora ele tem uma impressora — ele pode imprimir o que quiser a qualquer momento.

Ele imprimiu ontem uns excertos dos diários de Sylvia Plath.
Isso é incrível para ele, mas sabe que para alguém que tem o livro não seria nada — mas ele não arriscou a compra de um livro que poderia não ler e depois se encher de remorso — e ele sempre pode comprar lá na frente, se houver oportunidade e se ele realmente quiser — o mais interessante é que ontem, depois de alguma deambulação, decidiu de vontade própria pesquisar algumas passagens célebres do diário dela e imprimir a entrada em questão. Isso é incrível.

Fez também algo parecido com o diário de Susan Sontag e imprimiu a parte da vida dela que antecede a famosa entrada sobre o casamento dela ("quem inventou o casamento é um torturador") — para ser mais explícito, voltou sete anos na entrada dela de 1956 e fez um novo documento — ou seja, como se pegasse uma amostra grátis do livro, só que relativo àquilo que ele queria. O documento é um excerto das entradas dela de 1949 a 1956, mais especificamente ainda, do dia e mês exato da entrada dela. Se ela era assim contra o casamento, ele quer entender porquê — ele admira e reverencia demais o cérebro daquela mulher — assim como admira o coração de Plath. Inclusive, escolheu uma passagem do diário de Plath para criar o documento dela, uma passagem que enobrece o casamento — para dar um certo equilíbrio à coisa toda.