O futuro é multiespécie

O futuro é multiespécie

criado em: 09:05 2022-12-23

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O futuro é multiespécie

Expoente dos estudos feministas da ciência, Donna Haraway escreve sobre como nossa vida foi definida por nossa relação com os animais

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Relação Humano-Animal em "Quando as espécies se encontram"

Donna Haraway utiliza a relação com sua cachorra, Cayenne Pepper, como ponto de partida para explorar as práticas de intimidade entre humanos e animais, seja através do cuidado ou da dominação. Sua obra propõe uma reflexão profunda sobre como essas interações definem nossa existência.

Contribuição de Haraway para os Estudos de Gênero e Ciência

Formada em biologia molecular, Haraway é conhecida por introduzir questões de gênero na filosofia da ciência. Seu "Manifesto ciborgue" (1985) discute como tecnologias de informação e manipulação genética questionam a pureza da categoria do humano, sugerindo que nossa natureza é intrinsecamente artificial.

Continuidade Temática nas Obras de Haraway

"Quando as espécies se encontram" (2008) continua as reflexões sobre primatologia iniciadas no "Manifesto das espécies companheiras" (2003). Haraway argumenta que nossa humanidade sempre foi constituída por encontros com entidades não humanas, afirmando que "jamais fomos humanos".

História Profunda da Coabitação Humano-Animal

Haraway explora como os humanos domesticaram animais para diversos fins e como nossos corpos são povoados por não humanos, como fungos e bactérias. Ela propõe uma retórica do companheirismo em vez de uma noção de invasão.

Bestiário de Haraway

A autora ilustra como nossas vidas foram definidas pela relação com animais, focando em cães, porquinhos-da-índia, tigres e animais marinhos. Essas histórias demonstram a profundidade dos enredamentos necessários para a existência humana contemporânea.

Ética do Cuidado e Mudanças Climáticas

Haraway destaca a necessidade de reconfigurar nosso modo de vida frente às mudanças climáticas e à catástrofe ecológica. Ela critica práticas extrativistas e a forma de pensamento que nos tornou insensíveis aos animais, propondo uma ética do cuidado e da atenção aos encontros.

Regime Climático e Antropoceno

Estamos entrando no Antropoceno, onde a ação humana transforma os indicadores biogeoquímicos do planeta. Haraway e outros autores abordam a questão multiespécie na literatura, refletindo sobre a necessidade de reconhecer a Terra como uma entidade ativa.

Narrativa Particular e Singularidade dos Animais

Haraway não trata os animais de forma genérica, mas como sujeitos específicos com histórias e personalidades próprias. Ela destaca a importância de reconhecer a singularidade e a reciprocidade nas relações entre humanos e animais.

Estilo de Escrita e Saberes Situados

Haraway utiliza um estilo de escrita na primeira pessoa, implicando-se nas histórias que conta. Ela defende que não há um ponto de vista exterior e que é essencial lembrar de onde falamos e para quem falamos.

Devir-Com e Transformação Mútua

O conceito de "devir-com" é central na obra de Haraway, focando em processos de transformação mútua entre humanos e animais. Ela enfatiza a polidez dos encontros e uma ética da responsabilidade, reconhecendo que somos transformados e transformamos os outros.

Literatura Multiespécie

Haraway é acompanhada por outros autores que exploram a coabitação com animais e suas implicações. Obras de ficção e não ficção refletem a abordagem multiespécie, sugerindo que o futuro será definido por essas interações.