ARLR - glossário

ARLR - glossário

criado em:

relacionados:


capa

Considerando que várias palavras ou locuções que constituem este glossário possuem diferentes significados, alguns deles não coincidentes, optou-se por selecionar algumas das principais definições ou interpretações existentes, com base na literatura consultada.

Em todos os verbetes, a fonte de informação utilizada está indicada ao final da citação. No caso de acepções múltiplas, estas estão separadas, no verbete, por meio de um numeral, em negrito.

açoriano: Relativo aos Açores, arquipélago português do Atlântico, ou o que é seu natural ou habitante (HOUAISS, 2001).

alçada: Gado que fugiu e se tornou bravio (LOPES NETO, 2000, p. 55, nota 4, de Luís Augusto Fischer).

arcabuz: Antiga arma de fogo, portátil, de cano curto e largo, que em sua origem era disparada quando apoiada numa forquilha; espingardão (criada no Século XV e, mais tarde, foi suplantada pelo mosquete) (HOUAISS, 2001).

banhado: Áreas alagadiças ou pântanos cobertos de vegetação (FERREIRA, 1996).

boleadeira: Artefato composto por esferas (de pedra, marfim ou ferro), forradas de couro espesso (retovo) e unidas por três tiras de couro (sogas) presas entre si por uma das pontas. Usada pelos campeiros para envencilhar animais ou mesmo como arma. Uma das bolas, de menor tamanho (manica), é empunhada pelo boleador para imprimir movimento rotatório ao conjunto (HOUAISS, 2001).

campo: De ocorrência intimamente ligada a uma topografia suave, apresenta uma cobertura herbácea contínua, que pode ser entremeada de subarbustos isolados ou em tufos. Apesar de apresentar diferenças fisionômicas e florísticas decorrentes das condições ecológicas locais, os subtipos foram englobados sob a denominação de Campo. Entre os componentes da flora destacam-se as Gramíneas e as Ciperáceas como formadores do tapete herbáceo.

As plantas que ocorrem nas regiões campestres sofrem uma série de adaptações ao meio descampado. Assim, entre outras, temos o revestimento piloso que, além de diminuir o aquecimento das folhas, retarda a transpiração.(...)
Regionalmente, esta adaptação dá um caráter fisionômico todo especial à área da Campanha Gaúcha, caracterizada pela paisagem vegetal acinzentada (GEOGRAFIA..., 1977, v. 5, p. 94).

campo limpo: Poderemos considerar o campo limpo como um grassland, isto é, um tipo de vegetação caracterizado por uma cobertura herbácea, sem árvores. Apresenta-se às vezes como estepe, quando as plantas estão dispersas, deixando o solo em grande parte descoberto ou, então, como verdadeira pradaria, quando a cobertura é densa e contínua (ASPECTOS..., 1954, p. 41).

caudilho: O Rio Grande do Sul era um caso especial entre as regiões brasileiras, desde os tempos da Colônia. Por sua posição geográfica, formação econômica e vínculos sociais, os gaúchos tinham relações com o mundo platino, em especial com o Uruguai. Os chefes de grupos militarizados da fronteira - os caudilhos -, que eram também criadores de gado, mantinham extensas relações naquele país. Aí possuíam terras e se ligavam pelo casamento com muitas famílias (FAUSTO, 1995, p. 168).

charque: Carne bovina, cortada em mantas, salgada e seca ao sol ou por processos afins. O mesmo que carne-seca, jabá, carne-do-ceará, carne-de-ceará, carne-do-sul, carne-de-charque, carne-do-seridó, carne-do-sertão, carne-velha, ceará, jabá, sambamba, sumaca (FERREIRA, 1996).

chimarrão: Bebida pela qual os gaúchos são conhecidos no Brasil. Este termo é preferido na metade norte do estado do Rio Grande do Sul, ao passo que o pessoal da metade sul, por influência do espanhol, prefere o termo mate. Em certas partes do Estado, faz-se distinção entre chimarrão, o amargo, e mate, usado para quando se adiciona açúcar na água (coisa que aprazia crianças) (FISCHER, 2001, p. 74).

chiripá: Vestimenta rústica, sem costura, de tecido de metro e meio, que se passa entre as pernas e amarra na cintura com cinta de couro ou de tecido. Usa-se diretamente sobre o corpo, sozinha (LOPES NETO, 2000, p. 87, nota 9, de Luís Augusto Fischer).

coxilha: O movimento de terreno a que cabe a designação de coxilha aparece na região que se desenvolve ao sul da depressão central, no Estado do Rio Grande do Sul, na parte que nos diz respeito.
(...) Na zona baixa em torno do Ibicuí, estendendo-se para o sul, entretanto, é que se encontra a paisagem física em que tem pleno cabimento. Referindo-se às facilidades para o contrabando em tempos antigos, em consequência da permeabilidade do terreno, SIMÕES LOPES NETO, em um dos seus Contos Gauchescos, tem uma referência preciosa. Escreveu ele: "Só se cuidava de negacear as guardas do Cerro Largo, em Santa Tecla, do Haedo... O mais era várzea!"
Indicando que, salvo aqueles acidentes, bem salientes, da paisagem ao sul do Ibicuí, por toda a parte a paisagem era fácil, o campo era aberto, e nada poderia impedir a passagem das tropas. Não havia passagens obrigatórias.
Nessa paisagem, realmente, é que o termo encontra, no terreno, uma correspondência que está ligada às suas origens. Aí, numa significação pura, traduz o movimento do terreno a que se refere. Ali é o "morro ou colina de diminuta altitude e longo declive", referido por um dicionarista. Ali é "uma extensa e prolongada lombada, colina de longo declive e pouca altitude, coberta de vegetação herbácea, em geral rica de plantas forrageiras", a que se refere a "Terminologia Geográfica", publicada na Revista Brasileira de Geografia. Ali é a "campina com pequenas e grandes elevações, espécie de colina, geralmente coberta de pastagem, e onde se desenvolve a indústria pastoril" - embora tal definição possa admitir restrições.
O que caracteriza principalmente a coxilha é, sem dúvida, a fraca declividade. EZEQUIEL MARTINEZ ESTRADA, estudando o ambiente físico gaúcho, expressa nitidamente a impressão de quem aprecia o largo ondular das coxilhas: "Quem vai aos campos do sul e ao pampa não vê nada. Esforça-se por indagar de onde provém esse influxo que o invade, de uma beleza que nada pode reduzir a conceitos, e se cansa. A planura não lhe sugere nenhum sentimento estético que possa exprimir com palavras ou por outros meios. Unicamente é a solidão" (SODRÉ, 1975, p. 394).

curral: Lugar geralmente cercado onde se prende e/ou recolhe gado, especialmente bovino; estábulo, redil (HOUAISS, 2001).

encomienda: Tipo de trabalho indígena à disposição do colonizador. O rei de Espanha concedia ao colonizador - com extensão ao herdeiro - o direito de receber em seu próprio benefício o serviço prestado pelo índio na lavoura e na construção e restauração de obras. Cabia ao colonizador, em troca, cuidar do bem-estar do índio (QUEVEDO, 1993, p. 97).

enxaimel (ou enxamel): A casa de enxamel é aquela que tem a estrutura de vigas de madeira exposta externamente. O intervalo entre as vigas é preenchido com tijolos, que podem ficar a descoberto ou ser revestidos com uma camada de reboco. Este tipo de casa foi trazido para o sul do Brasil pelos colonos alemães. É típico de regiões da média Alemanha, tais como a Francônia, o Hesse, o Hunsrück e a Renânia (VALVERDE, 1954, p. 136, nota 13).

Estância: O nome estância provém da antiga distinção espanhola entre "ganaderia estante" e "ganaderia trashumante"; a primeira é a sedentária, a que aproveita o ciclo da vegetação natural- é o que explica Daniel D. Vidart. La vida rural uruguaya, Ministério de Ganaderia y Agricultura, Departamento de Sociologia Rural, Pub. no 1, Montevidéu, 1955, pág. 43, que ressalta ser o nome estância o mais significativo entre os que designam núcleos de exploração pecuária: hatos (Venezuela), fazenda (Brasil), rancho (Texas, E.U.A), fincas (países hispano-americanos), estância (Uruguai e Argentina). Walter Spalding, entretanto, dá origem portuguesa ao nome: estança, paragem, pouso (DIÉGUES JUNIOR, 1960, p. 313, nota 21).

Guaiaca: Cinto largo de couro ou de camurça, provido de bolsinhos, usado para se guardar dinheiro e objetos miúdos (LOPES NETO, 2000, p. 36, nota 4, de Luís Augusto Fischer).

Guaíba: Nome dado ao principal rio que corta a cidade de Porto Alegre e denomina, também, pântano profundo em parte do sul do Brasil (FERREIRA, 1996).

Guaíra: Para evitar a exploração dos encomienderos e garantir a "paz evangélica", ou seja, o equilíbrio entre os interesses dos colonos e dos índios, os jesuítas criaram suas reduções em áreas afastadas (...). Guairá [Guaíra] compreendia todo o oeste do atual estado do Paraná, (...). Em 1610 os jesuítas se instalaram definitivamente na área, onde fundaram catorze reduções, entre os rios Paranaparema, Tibaji e Iguaçu (QUEVEDO, 1996, p. 8).

Guerra Cisplatina: (estava em curso a Guerra da Cisplatina (1825-28), pela qual Brasil e Buenos Aires, sede das Províncias Unidas do Rio da Prata, disputaram a posse do território do atual Uruguai; desta guerra resultou um acordo que reconheceu a independência da Banda Oriental do Uruguai...)(...) (LOPES NETO, 2000, p. 132, nota 1, de Luís Augusto Fischer).

Guerra Civil de 1923: A derrota dos federalistas no período Floriano não representou o fim das oposições no Rio Grande do Sul. O PRR dominava o Estado, mas os opositores continuavam a agir, legal e ilegalmente. Por vários anos, eles não se entenderam. De um lado, estavam os antigos federalistas; de outro, dissidentes republicanos desgostosos com medidas tomadas pelos chefões do PRR. As feridas abertas pela guerra civil demoraram a cicatrizar. Afinal, em 1922, os dois grupos se uniram, formando a Aliança Libertadora, com o propósito de impedir mais uma reeleição de Borges de Medeiros ao governo do Estado(...) O candidato da oposição era Assis Brasil, velha figura liberal, cunhado de Júlio de Castilhos, conhecido por seu talento oratório, desde os tempos em que frequentara os bancos da Faculdade de Direito de São Paulo. A derrota da Aliança Libertadora e as acusações de fraude eleitoral levaram a uma guerra civil em janeiro de 1923. Após onze meses de confronto, o ministro da Guerra, Setembrino de Carvalho, enviado ao Rio Grande do Sul como mediador do presidente Bernardes, conseguiu pôr fim à luta. Borges se manteve no cargo, mas seu poder foi limitado (FAUSTO, 1995, p. 316-317).

Guerra do Paraguai: Acontecimento internacional que marcaria profundamente a história do Segundo Império brasileiro, consistiu no confronto armado ocorrido no período de 1864 a 1870 entre, de um lado, Brasil, Argentina e Uruguai (a Tríplice Aliança) e, de outro, o Paraguai. É sabido que cada um dos quatro países envolvidos visava ou aumentar sua influência na região, ou garantir sua autonomia frente aos países vizinhos. Além disso, a Bacia do Prata possui importância geográfica estratégica, assumindo posição central no desenrolar do conflito em questão. No entanto, há diferentes versões sobre as causas da Guerra do Paraguai. Na historiografia tradicional brasileira, o conflito resultou da megalomania e dos planos expansionistas paraguaios. Para historiadores de esquerda das décadas de 1960 e 1970, o conflito teria sido fomentado pelo imperialismo inglês, que teria se valido de sua influência na região para, por meio do Brasil e da Argentina, impedir o crescimento econômico paraguaio. Uma terceira versão mais recente, menos ideológica, centra a explicação do conflito nas relações entre os países nele envolvidos, chamando a atenção para a formação dos Estados nacionais da América Latina e da luta entre eles para assumir uma posição dominante na região. O estopim do conflito foi o ataque ao navio brasileiro Marquês de Olinda por uma canhoneira paraguaia, seguindo-se a esse ato o rompimento das relações diplomáticas entre os dois países (FAUSTO, 1995, p. 208-212).

ltati: Na região do Itatim [Itati], localizada a quinhentos quilômetros acima de Assunção, os jesuítas instalaram seis reduções, que resistiram até 1669 (QUEVEDO, 1996, p. 9).

Légua de sesmaria: Medida itinerária antiga, equivalente a 3.000 (três mil) braças de lado, ou 6.600 (seis mil e seiscentos) metros (FERREIRA, 1996).

Linha: 1. (...) picadas, abertas pelos pioneiros na mata original e que logo desde o princípio serviram como linhas de comunicação e estradas. Nas zonas serranas de colonização antiga, as linhas coloniais seguem normalmente os fundos de vales fluviais e de cada lado delas estão alinhados os lotes dos colonos, à distância de algumas centenas de metros. Algumas linhas coloniais têm 10 ou 20 quilômetros de extensão e centenas de lotes se distribuem ao longo delas. Esses lotes são estreitos ao longo da estrada e do rio, mas se estendem numa longa faixa retangular para o fundo, muitas vezes até o divisor de águas (WAIBEL, 1954, p. 100).

  1. Dois Irmãos(...) surgiu numa linha colonial. Sua única rua se estende numa extensão de aproximadamente 3 quilômetros, aproximadamente, na direção N-S, aproveitando a direção dos vales afluentes. Os lotes ... se distribuem perpendicularmente; na direção EW, portanto. (...). Originalmente, os lotes em Dois Irmãos tinham, todos, as dimensões normais de uma 'colônia', isto é, 100 braças de frente por 1600 de fundo (a braça tem 2,20 metros). (...). Cada lote é, assim, uma verdadeira faixa de 55 metros (25 braças) de largura, por 3,520 quilômetros (1600 braças) de comprimento. Esta enorme extensão ocupa não somente todo o vale, como também sobe a parte inferior da encosta (VALVERDE, 1954, p. 134).

Mesorregião: Área individualizada, em uma Unidade de Federação, que apresenta formas de organização do espaço geográfico definidas pelas seguintes dimensões: o processo social, como determinante, o quadro natural, como condicionante e, a rede de comunicação e de lugares, como elemento de articulação espacial. Estas três dimensões possibilitam que o espaço delimitado como mesorregião tenha uma identidade regional. Esta identidade é uma realidade construída ao longo do tempo pela sociedade que ali se formou. O conhecimento da realidade espacial brasileira evidencia que o Agreste, a Mata e o Sertão Nordestinos; o Sul de Minas Gerais, o Triângulo Mineiro; a Campanha Gaúcha; as áreas coloniais Antiga e Nova do Rio Grande do Sul; o Vale do Itajaí; o Norte do Paraná; o Pantanal mato-grossense; a Bragantina, são unidades espaciais identificadas como mesorregiões (DIVISÃO..., 1990, p. 8).

Microrregião homogênea: (...)a noção fundamental é a da uniformidade do espaço, baseada nas características socioeconômicas que os dados estatísticos devem espelhar, espaços estes que deverão sofrer modificação, toda vez que uma alteração substancial desta uniformidade for afetada pelo desenvolvimento econômico (MAGNAGO, 1995, p. 78).

Minuano: Os ventos conhecidos como minuano ocorrem após a passagem de uma frente fria sobre uma região. São acompanhados por chuvas finas e intermitentes e geralmente sopram com velocidade fraca a moderada, podendo atingir até 20 nós. Esses ventos trazem um clima desagradável devido ao alto índice de umidade relativa e à queda de temperatura que provocam, especialmente no inverno, quando podem chegar a temperaturas abaixo de 10°C. Quando o minuano mantém uma temperatura de 2 a 3°C acima de zero, ele é popularmente chamado de "geadas de vento", embora seja um nome impróprio, já que a geada não pode se formar em temperaturas positivas (GEOGRAFIA..., 1977, v. 5, p. 77-78, nota 22).

Missão jesuíta: A palavra "missione" tem origem no latim e significava um poder concedido aos padres jesuítas para pregar a fé cristã entre os índios, com a responsabilidade de catequizar de forma sistemática, tanto do ponto de vista político quanto diplomático. Nas missões, os missionários tinham a tarefa de ensinar aos índios os valores da civilização europeia. Além disso, devido à necessidade geopolítica de controlar o território, os povoados missionários também tinham a função de proteger e interiorizar a fronteira espanhola na região do Prata. A partir de 1640, esses povoados foram armados para deter o avanço luso-brasileiro na América Meridional. Geralmente, há confusão entre missão e redução. A missão está intimamente ligada à fronteira e não pode ser separada dela, enquanto a redução está mais associada à conversão dos índios (QUEVEDO, 1993, p. 99).

Campos Neutrais: Os Campos Neutrais foram uma região de fronteira entre o Brasil e o Uruguai, estabelecida pelo Tratado de Paz e Amizade de 1828. Essa região, também conhecida como Faixa de Fronteira, abrangia uma faixa de território ao longo dos rios Quaraí e Jaguarão, no extremo sul do Brasil. Os Campos Neutrais foram estabelecidos como uma área desmilitarizada, onde nenhum dos países poderia estabelecer fortificações ou exercer controle militar direto. A região era destinada a servir como uma zona de tampão entre as forças militares dos dois países, evitando conflitos diretos na região de fronteira. No entanto, os Campos Neutrais foram frequentemente palco de tensões e conflitos entre brasileiros e uruguaios, especialmente durante a Guerra dos Farrapos e a Guerra do Paraguai. A falta de controle militar direto na região levou a disputas e incursões de ambos os lados da fronteira. Em 1851, o Tratado de Aceguá estabeleceu a divisão da região dos Campos Neutrais entre Brasil e Uruguai, colocando fim à neutralidade da área. Essa divisão, no entanto, não pôs fim aos conflitos e tensões na região, que continuaram a ocorrer ao longo do século XIX. Atualmente, os Campos Neutrais não possuem mais o status de área neutra e são divididos entre os dois países. A região possui importância histórica e cultural, com a presença de monumentos e sítios históricos relacionados aos conflitos do passado.

Orelhana: Diz-se do animal que ainda não foi marcado (LOPES NETO, 2000, p. 86, nota 1, de Luís Augusto Fischer).

Pampa: O Pampa abrange a metade meridional do Estado do Rio Grande do Sul e constitui a porção brasileira dos Pampas Sul-Americanos, que se estendem pelos territórios do Uruguai e da Argentina. É classificado como Estepe no sistema fitogeográfico internacional. O Pampa é caracterizado por um clima chuvoso, sem período seco sistemático, mas marcado pela frequência de frentes polares e temperaturas negativas no inverno, o que resulta em uma estacionalidade fisiológica vegetal típica de clima frio seco. Ele abrange diferentes litologias e solos, com cobertura vegetal predominantemente herbáceo-arbustiva, e é usado principalmente como pastagem natural ou manejada, com algumas áreas dedicadas ao cultivo de arroz nas planícies aluviais (MAPA..., 2004).

Redução: 1. Na época colonial, a igreja buscava converter os nativos à fé católica e "elevá-los" da sociedade tribal para um tipo de sociedade moderna. Para isso, reunia os índios em aldeamentos chamados reduções, onde construíam igrejas ou capelas de madeira ou taipa. Nessas aldeias, as casas dos índios eram construídas de pau-a-pique e eles trabalhavam nos campos e em atividades artesanais (QUEVEDO, 1996, p. 6). 2. A palavra "reduction", de origem latina, significa "reconduzir" e é usada para descrever o ato de converter ou submeter os índios guaranis à fé católica. Os jesuítas aldeavam os índios com o objetivo de convertê-los (QUEVEDO, 1993, p. 99). 3. O termo também é usado para descrever o ato de reconduzir à igreja e à vida em comunidade os nativos que estavam condenados ao extermínio. "Redução" não significa reduzir pela força, mas sim reconduzir ao redil pela palavra do Senhor (CHEUICHE, 2004, p. 63).

Região funcional: É um conceito usado para descrever um sistema simplificado de divisões territoriais e hierarquia de centros urbanos no território nacional. Essas divisões são baseadas nos relacionamentos ou vínculos entre os centros urbanos em três setores de atividades: fluxos agrícolas, distribuição de bens e serviços à economia e à população. A ideia é que as cidades não existem isoladamente, mas têm uma economia básica urbana que estabelece laços econômicos entre elas e suas regiões (DIVISÃO..., 1972, p. 10).

Região geográfica: É uma área que apresenta uma mesma paisagem cultural, resultado de um longo processo de transformação da paisagem natural em paisagem cultural. É vivenciada pelos seus habitantes, que reconhecem sua existência e a nomeiam, como Pays de la Brie, Sertão, Amazônia, Campanha Gaúcha, etc. A identidade dos habitantes está relacionada à região em que vivem (CORRÊA, 1995, p. 22).

Região natural: É um conceito adotado tanto pelos geógrafos físicos quanto pelos que adotam o determinismo ambiental. Refere-se a uma porção da superfície terrestre identificada por uma combinação específica de elementos naturais, como clima, vegetação e relevo, que resulta em uma paisagem natural específica. Essa combinação pode ser traduzida em uma região natural (CORRÊA, 1995, p. 21).

Revolta dos Muckers: A revolta "mucker" ocorreu entre 1868 e 1874 em São Leopoldo, a primeira colônia alemã fundada no Rio Grande do Sul, e alguns incidentes continuaram até 1898. A palavra "mucker" era usada pejorativamente para se referir aos rebeldes, sendo sinônimo de "beato", "fanático" ou "santarrão". A revolta envolveu imigrantes alemães que se reuniram em torno do curandeiro João Jorge Maurer e sua esposa Jacobina, inicialmente em busca de esclarecimentos e, posteriormente, com fins religiosos. Eles acreditavam ter sido escolhidos por Deus para fundar uma nova era na Terra e começaram a trabalhar nesse sentido. Enfrentaram perseguição por parte das autoridades locais, foram presos, mas acabaram sendo libertados por falta de provas condenatórias. Em 1873, ocorreram vários incidentes em São Leopoldo, incluindo assassinatos e atentados, atribuídos aos "muckers". A tensão aumentou e em junho de 1874, os seguidores de Jacobina promoveram um ataque em massa contra seus principais adversários. Tropas do Exército e da Guarda Nacional foram enviadas para a região. Os rebeldes resistiram a três ataques, matando o comandante das tropas legalistas. Em 2 de agosto de 1874, a maioria dos "muckers" foi morta e os sobreviventes foram condenados a penas altas. Alguns dos não pronunciados se mudaram para outras colônias, onde, anos depois, foram assassinados pela população local (AMADO, 1978, p. 18-19).

Revolução Farroupilha: A Revolução Farroupilha ocorreu em 1835 no Rio Grande do Sul. Os "farrapos" eram os rebeldes gaúchos que lutavam contra o governo central. Embora tenham sido chamados de "maltrapilhos" por seus adversários, os líderes do movimento eram membros da elite estancieira da província. A revolta teve origem nas queixas do Rio Grande do Sul contra a exploração econômica da província pelo governo central, por meio de pesados impostos. A luta foi liderada por Bento Gonçalves e contou com a participação de oficiais do Exército, incluindo Giuseppe Garibaldi. A guerra foi longa e baseada na ação da cavalaria, com destaque para Garibaldi e Davi Canabarro. Em 1838, foi proclamada a República de Piratini em Piratini, com Bento Gonçalves como presidente. A paz foi assinada em 1845, concedendo anistia aos revoltosos e integrando os oficiais farroupilhas ao Exército brasileiro (FAUSTO, 1995, p. 167-170).

Revolução Federalista de 1893: A Revolução Federalista ocorreu entre 1893 e 1895 e dividiu o Rio Grande do Sul em dois campos irreconciliáveis. De um lado estavam os republicanos históricos, adeptos do positivismo, organizados no Partido Republicano Riograndense (PRP). Do outro lado estavam os liberais, que fundaram o Partido Federalista em 1892 e defendiam um governo parlamentar. Os federalistas tinham sua base social principalmente entre os estancieiros da Campanha, enquanto os republicanos se baseavam na população do litoral e da serra, onde havia muitos imigrantes. A luta foi intensa e resultou em milhares de mortos. Os federalistas foram derrotados, muitos prisioneiros foram degolados e a paz foi estabelecida em 1895 (FAUSTO, 1995, p. 255).

Sanga: A palavra "sanga" pode se referir a valas de escoamento das águas pluviais e dos banhados e brejos. Também pode significar pequenas lagoas formadas em depressões de terreno, por ação da natureza ou intervenção humana. Outro uso da palavra é para se referir a buracos ou escavações no terreno onde a água se empoça e geralmente seca rapidamente (ASPECTOS..., 1954, p. 58; LOPES NETO, 2000, p. 73, nota 73; 2002, p. 42, nota 29).

Sesmaria: A sesmaria era uma antiga divisão de terras, geralmente de 6.600 metros, criada por D. Fernando de Barganha em 1375. No Brasil, as sesmarias eram doadas pela Coroa portuguesa aos colonizadores como forma de incentivar o cultivo da terra. A medida foi adotada a partir de 1530 e as sesmarias podiam ter até 50 léguas de extensão. Atualmente, a légua de sesmaria é usada no Rio Grande do Sul para áreas de campo de criação, equivalendo a 3.000 braças ou 6.600 metros (QUEVEDO, 1993, p. 100; HOUAISS, 2001; LOPES NETO, 2000, p. 119, nota 3).

Tapes: Região entre os rios Ibicuí e Jacuí, no Rio Grande do Sul (GEOGRAFIA..., 1977, v. 5, p. 147).

Terra roxa: A expressão "terra roxa" se refere a um tipo de solo encontrado no grande planalto do interior de São Paulo, que era extremamente fértil para o cultivo de café. Embora seja uma terra vermelha, os imigrantes italianos que chegaram à região a chamavam de "rossa" (vermelha) e, por um fenômeno linguístico curioso, acabou se transformando em "roxa" (FAUSTO, 1995, p. 202).

Tratado de Madri: O Tratado de Madri foi assinado em 13 de janeiro de 1750 entre Portugal e Espanha. O tratado estabeleceu o princípio do uti possidetis, revogando o meridiano de Tordesilhas e reconhecendo a expansão portuguesa para além dos limites anteriores. No sul, o tratado determinou a entrega da Colônia de Sacramento à Espanha e, em compensação, Portugal recebeu os Sete Povos das Missões. Os jesuítas foram evacuados para suas reduções em Missiones e Corrientes (WHELING; WHELING, 2005, p. 172).

Tratado de Tordesilhas: O Tratado de Tordesilhas foi assinado em junho de 1494 e foi o primeiro acordo entre Estados sem a interferência papal. O tratado estabeleceu que as terras até 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde seriam de Portugal, enquanto as demais seriam da Espanha. Ele confirmou a doutrina do mare clausum, segundo a qual a propriedade da descoberta dos mares determinava sua posse (WHELING; WHELING, 2005, p. 41).

Vale: O vale é uma depressão topográfica alongada, inclinada em uma determinada direção em toda a sua extensão. Pode ou não ser ocupado por água e pode ser de diferentes tipos, como fluvial, glacial, suspenso e de falha (VOCABULÁRIO..., 2004, p. 323).

Vau: O vau é um trecho raso de um rio ou do mar onde é possível passar a pé ou a cavalo. Também pode se referir a um banco de areia ou elevação do fundo do mar que às vezes chega à superfície (HOUAISS, 2001).

Zonas fisiográficas: As zonas fisiográficas são agrupamentos de municípios que estão ligados por características geográficas dominantes, como geologia, relevo, clima e vegetação natural. Essas zonas apresentam aspectos comuns e formam conjuntos peculiares, sendo a caracterização baseada principalmente em fatos da Geografia Física e secundariamente em fatos da formação histórica (DIVISÃO..., 1972, p. 221).