desequilíbrio entre oferta e demanda de profissionais na área de tecnologia no Brasil

seis principais determinantes do problema e potenciais soluções

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O estudo mencionado no texto identificou seis principais determinantes do desequilíbrio entre oferta e demanda de profissionais na área de tecnologia no Brasil. Um deles é a deficiência crônica na formação de competências-chave para o desempenho de atividades na área de tecnologia, como matemática, inglês e raciocínio lógico. Segundo dados do IDEB, em 2019, apenas 5,2% dos estudantes do ensino médio público se formaram com aprendizagem adequada em matemática. A proficiência em inglês também é um desafio para quem quer seguir carreira na área, já que apenas 10,3% dos jovens entre 18 e 24 anos afirmam ter proficiência na língua inglesa, de acordo com um relatório da British Council.

Outro determinante identificado é a falta de repertório, autoestima e redes de contato para os jovens de baixa renda, que são influenciados diretamente pelos seus familiares mais próximos na hora de definir suas carreiras. A maioria dos estudantes do ensino público desconhece as oportunidades profissionais e financeiras no setor de tecnologia.

Além disso, há um consenso entre os especialistas de que os atuais currículos das escolas técnicas não estão conectados com as demandas do mercado de trabalho, sobretudo no que diz respeito à metodologias de ensino ativas que incentivam estudantes a resolver problemas reais e garantem experiências práticas de aprendizagem. O mercado privado está buscando, cada vez mais, profissionais que consigam reunir habilidades técnicas e socioemocionais, como comunicação, capacidade de resolução de problemas, responsabilidade e autodidatismo, que são competências consideradas extremamente valiosas, mas que ainda são abordadas de forma pouco efetiva nas escolas públicas. A exceção no ecossistema é o currículo das escolas de ensino médio integral, que prioriza o protagonismo juvenil, projeto de vida e autonomia.

Sob a perspectiva da demanda de profissionais, o estudo revelou que a procura por profissionais juniores é baixa - cerca de 13% - e concentrada geograficamente. Cerca de 41% das 129 mil vagas abertas em TI em 2021 eram para posições alocadas nas regiões Sul e Sudeste. Outro achado da pesquisa foi a valorização de certificados na hora da contratação de jovens talentos. As entrevistas mostraram que a premissa de que o diploma universitário não é necessário para trabalhar com tecnologia é, em parte, um mito. Embora as empresas não incluam ensino superior como um requisito, na prática, os jovens graduados levam vantagem na contratação.